
Almeida Garrett (seu nome de batismo era João Batista da Silva Leitão) teve uma formação social e intelectual marcada por ideologias e sentimentos paradoxais e até mesmo conflitantes. A par dessa evidência, pode-se reparar porque em suas poesias, por exemplo, existe um choque muito forte entre valores morais e desejos pessoais, entre a razão e a emoção, entre o sonho e a realidade, entre a prudência e o prazer, entre o interdito social e o que se aspira fazer empiricamente.
Se pensarmos na sua origem, notamos que está ligada tanto a aristocracia quanto a burguesia portuguesa. Uma se mostra mais próxima de valores tradicionais, moderados e centralizadores, enquanto que a outra promove intentos mais revolucionários, reformistas e descentralizadores.
No âmbito literário, Almeida Garrett teve duas formações relativamente distintas, talvez isso explique, em parte, o “caos” existencial que ele expressa em suas poesias. De um lado, esteve preso à estética neoclássica que, esteticamente, valorizava a razão, a natureza e o homem, sendo que a partir dessa tríade, ambicionava encontrar o fundamento do belo e do verdadeiro. Do outro, adrentou na amálgama do Romantismo quando precisou se refugiar na Inglaterra e, consequentemente, pôs-se a propagar arroubos sentimentais, temperamentais e até idealizadores.
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