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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

EDUCAÇÃO PARA A HUMANIZAÇÃO

Sem dúvida, o caminho da educação, e não só aquele ligado a conjuntura especificamente escolar, é a porta mais propícia para o que podemos chamar de humanização do homem. Através da educação, é possível transformar a sociedade para que se torne, dia-a-dia, mais justa, digna, solidária, democrática, libertadora e ética.

Nessa direção, devemos contribuir para a conscientização das pessoas da necessidade de se promover relações sociais mais legitimamente humanas, levando em conta ser indispensável à ruptura com modelos fatalistas, dominantes e genocidas que fomentam o desrespeito ao ser humano, às suas diferenças, às suas crenças e sentimentos.

Por isso ser fundamental um comprometimento maior de todos para com a valorização da espécie humana, enquanto ser dialógico, pensante, ontológico e culturalmente constituído. Nisso requer um saber ético, social e antropológico que lida com as diferenças como elemento enriquecedor da sociedade e não como perigo ou ameaça às minhas escolhas ou às preferências de meu grupo.

Evidentemente, no processo de ensino-aprendizagem temos exemplos vivos da verdadeira formação das pessoas para o bem, para as boas práticas, para a disponibilidade ao dialogismo, à vontade de verdade.

Até porque, a prática de ensinar e aprender, favorece a abertura para à diversidade e a disposição de conhecer, experimentar, gerando a curiosidade, a dúvida, a busca, o sonho, a esperança, os anseios. Nesse diálogo das pessoas com o mundo e vice-versa, Paulo Freire apóia fortemente a concepção de que a natureza do homem não é completamente inata, já que nas práticas sociais o indivíduo se torna um ser no mundo, e nessa relação constrói sentidos para sua vida.

E é exatamente isso a mola propulsora da vida, da aprendizagem, da procura, do inesperado, da necessidade de saber lidar com situações novas, no propósito de realizar desejos e planos até ousados, na utopia pela criação de um mundo justo e fraterno.

Entretanto, sabemos que o homem, por muitas vezes, gera ações desumanas, perversas e destruidoras que o desvia de sua vocação humanística. Mas, o projeto de Freire e de tantos outros, aí incluindo o papel fundamental dos educadores, é de humanizar cada vez mais o mundo que vivemos, dizer não a intolerância, às culturas de opressão e de negação das diversidades, como aconteceu na colonização da América, da África e parte da Ásia pelo preceitos eurocentristas e como ocorre hoje com grupos negros, homossexuais, por exemplo.

Todos esses inconvenientes histórico-sociais, nos dias atuais, são bastante discutidos e questionados, com o intuito de promover “um humanismo libertador, dialógico, criativo e, acima de tudo, ético, que somente poderá ser construído por meio de uma síntese integradora da multiplicidade dos povos” (ZITKOSKI, 2006, p.67).

Em favorecimento disso, vivemos uma época que não só dialoga sobre as injustiças sociais como também se organiza contra elas, na busca pela contenção de seus efeitos negativos. E como “seres condicionados mas não determinados” (FREIRE, 1996, p.19), temos em nossa capacidade transformativa e crítica a chance de melhorar o mundo. Sejamos nós também exemplos vivos para o fim da opressão e dos oprimidos. Nessa luta, o papel dos educadores é central, já que são eles que indicam os caminhos, apontam (pelo ofício) as situações-limites, propõem a leitura de mundo, formam parte do corpo crítico dos alunos e colaboram na formação ético-social de pessoas que atuam e terão a missão de agir, relacionar-se e transformar a sociedade e o mundo em que vivemos.

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