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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A PERSONAGEM FEMININA

Por um longo e doloroso período, a figura feminina foi encarada “como uma categoria social distinta, com status social inferior” (ZOLIN, 2003, p.163). Diante disso, muito vem sendo feito para estirpar esses conceitos absolutos e reduzidos que relegam a mulher a uma posição incômoda e injusta, com o intuito de propor uma relação mais igualitária entre os homens e as mulheres.

Na literatura temos visto que, a personagem feminina começa a ganhar “corpo”, relevância, resultado também das conquistas da classe, principalmente pela luta de grupos ou movimentos feministas por melhores condições de vida para as mulheres. Entretanto, percebemos que as convenções sociais e alguns “moldes” tradicionalistas da sociedade, ainda aprisionam muitas mulheres a viver, por vezes, subjugadas e atreladas ao domínio do homem.

Muitos são os textos literários, que através de uma linguagem rica em detalhes, mostram a condição reprimida da mulher, ainda acorrentada, de modos variados, aos valores e ditames da sociedade patriarcalista, refletidos na opinião pública. Sobre isso, Moraes (2003, p.41) comenta como era a vida privada e pública das mulheres: “Escrava das convenções [...]. Sua atuação social se resumia às demonstrações de fé, nas missas dominicais, de caridade, [...] de boa anfitriã, em que expunha seus dotes musicais. Sem direito a voto [...], sobrava à mulher o papel de mãe e educadora”. Ainda bem que essas relações sociais mudaram e a mulher hoje, assume um papel fundamental nas decisões e transformações de nossa realidade.

Sabemos, entretanto, que atualmente muitas mulheres são desrespeitadas de seus direitos, isso porque parte da sociedade, na ânsia de tentar definir melhor sua identidade, acaba por gerar discursos absolutos e discriminatórios, tendo opiniões fechadas sobre a figura da mulher, do negro, do homossexual e de vários outros expoentes comunitários. Essa atitude é uma forma, como aponta Eagleton (2001, p.183), de “traçar fronteiras rígidas entre o que é aceitável e o que não é, entre o eu e o não-eu, a verdade e a falsidade, o sentido e o absurdo, a razão e a loucura, o central e o marginal, a superfície e a profundidade”.

Portanto, tais conceitos devem ser repensados e refeitos em respeito às diferenças, até porque estas são muitas. Daí, Glissant (2005, p.27) dizer que a identidade precisa ser um rizoma, isto é, uma raiz aberta e multiplicada que vai ao encontro de várias outras raízes, dentro de uma relação tolerante, visto que o ser humano se constrói de intercâmbios sócio-histórico-culturais.

Contudo, é necessário partirmos do pressuposto de que é preciso romper com esses vários mitos que mantêm as mulheres presas a velhos costumes preconceituosos e limitadores de suas potencialidades. A idéia é, portanto, desconstruir essas bases arcaicas e injustas contra a classe feminina, para que sejam remontadas outras, politicamente mais ajustadas. A missão é árdua, porém muitos bons frutos já começaram a ser colhidos.

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